Esculpindo lembranças
Águida Hettwer

Carrego nas mãos, as flores orvalhadas de lágrimas,
Pinceladas azuis entre as nuvens, esculpindo lembranças,
Escrevendo um cântico reconfortante para alma em esgrimas,
Cifras de um enredo, temperanças.

Pingos de brandura me acompanham pela jornada a fora, infiltrada,
Farol ao longe, lume dos anseios serenos,
Brio da alma desvenda o borralho das cinzas em retirada,
Melífluos jorram por entre os dedos amenos.

Atrás dos vales, desenham paragens verdejantes,
Campesinas flores adornam a orla, sobre o solo deleito,
Dádiva dos céus, crivo em cada traço, flamejantes,
Alicerce da existência em breve borrifo estreito.

Miragem a vislumbrar entre as ramagens, 
Reboar de pássaros, enfatizarem seus cantos em clamor,
Em romaria eufônica, aos céus plumagens,
Verve dos versos, sucinto culminante do amor.


13.10.2006