A SAUDADE NA JANELA
Cansado, diante da janela,
sentindo a brisa fria soprar
da chuva que caia dela
e uma saudade apertar.
A saudade que senti dela,
a fresca brisa que vem da janela
é a saudade que chora
como que sozinho lá fora.
É a tua ausência, a solidão,
languidamente o coração desaba
e vai perdido na vastidão
que doi no peito e nunca se acaba.
E a minh´alma que suspira
e sente a distância
que contra nós conspira,
sem estância.
A saudade na minha janela
chama pelo nome dela.
Pela vida, pela minha respiração,
não ficarei nesta solidão.
Ai que amor poderoso no peito
que vence a tua ausência no leito!
Que sabe e sente reciprocidade
neste sentimento que é pura verdade.
E sendo, eu, pleito avassalor,
tu és de fato o despotismo
do sentimento e da dor,
do meu sucesso e idealismo.
Amor meu, minha razão de viver,
minha flor de formosura,
meu tão esperado amanhecer,
meu gozo de longura.
Obtive da noite a amizade,
para ver-te no rútilo de uma estrela,
ao sentir de ti a cumplicidade
e de, por fim, poder merecê-la.
E ainda diante desta janela
olhando para este céu cinzento
sentindo gotejos que vem dela
como lembranças de um pensamento...
Espero por ti como a terra pela chuva,
como o bom vinho o preparo da uva;
Como a noite espera o sono,
como o cão fiel espera pelo seu dono.
(YEHORAM)