Quarto Sombrio
Olho o quarto sombrio, sinto um arrepio,
uma tristeza, uma saudade...
Teu cheiro me invade os pulmões e acelera-me o coração; - Miragem!
Duas lágrimas ignóbeis caem sobre minha face sem expressão,
revivendo tuas lembranças, e eu, vivo da esperança do teu retorno a mim.
Comungando comigo mesma, a santidade maculada de um amor destroçado,
sucumbindo à triste condição de pertencer ao teu passado.
Quantas vezes caminhando lado a lado, prometemos não nos perder, mas...

Fixo meus olhos perdidos,
no crucifixo na parede parada, adornada apenas pela luz da lua,
tão clara tão nua, apenas a reportar momentos de nós,
numa tela preta, fria. 
Deprimente sarcófago de lembranças, o depois ficou pra depois.

Crepúsculo sem medida, sem saída, sem perdão inserido ou não. - O que faz um coração que pulsa, e sofre, e cala?
Teu sorriso já distorcido pelo tempo, jaz em algum lugar do passado impermeável e cheio de saudades.
Sequelas de um amor em desordem,
onde capturas o bem e entrega-me o mal,
assim, como o mar entrega o sal nas areias brancas maculando-as,
onde irá secar endurecer e fazê-las esquecidas sem o porquê. No quarto, divago perdida, caminhos de nós, e o vento morno tenta colorir o dia, no balanço de uma cortina que rodopia a seu favor, mas, - e nós dois?  
 Edna Fialho
 

edna fialho
Enviado por edna fialho em 18/11/2010
Reeditado em 03/08/2012
Código do texto: T2623342
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