Anjo
Um dia me apaixonei por um anjo.
Era um anjo lindo, cheio de vida e personalidade.
Tinha nos olhos negra luz que refletia minha imagem.
Este anjo acolheu-me em seus braços
E, sem contar os passos, caminhou comigo...
Sozinho.
Um anjo que foi minha companhia numa noite fria,
Anjo de tempestades maculosas,
De mente insana e perigosa,
Corpo... ah, para mim não tinha corpo!
Não era o que me interessava.
Apaixonei-me por cada som e cada sonho;
Cada felicidade e cada destempero.
Desejei cada movimento e cada sentimento;
Cada pensamento deste anjo.
Procurei seu perfume por tantos anos!
Amei seus beijos, fiz tantos planos
De ao seu lado perder a solidão.
Eu amava este silêncio acompanhado,
Amava fazê-lo se sentir amado!
Amava as fotografias sem careta,
A praça de bermuda e camiseta...
O olhar, o toque, o beijo...
Ah, o beijo!
Lindo como nenhum outro me pareceu,
E eu amava pensar que era só meu.
Amei cada abraço,
Cada conversa sem sentido,
Cada palavra ao pé do ouvido...
Amei de forma sublime, inocente, reticente.
Quis ser a primeira, não deu;
Quis ser a única, não entendeu;
Quis ser mais uma... o sentido se perdeu.
Quis abraçar-te forte e dizer pra não ir embora,
Quis morrer de medo aquela hora.
Percebi que o amor acabou;
Correndo foi-se embora,
Nunca mais voltou.
Eu me apaixonei por um anjo torto,
Um anjo lindo que não tinha corpo.
Que não tinha corpo.