Ode ao amor

E ainda que o amor deixe a desejar
Quando não se faça intenso, apaixonado
E amigo,
E ainda que desencante,
ao ferir o coração, os sonhos
e as entranhas
E que transborde d'alma
Naufragando tudo o que existe além de si
Sobre a Terra...

Ainda assim,
Que não se preparem teses
que resolvam, controlem e esgotem
O fenômeno do amor.

Mas que seja sempre
Indefinível alento
Que chega de improviso
Surpreendendo a sapiência
dos homens e dos deuses
Como um rio que dança pelas veias
O seu alucinado movimento cósmico.

E que o amor seja ainda,
O maior argumento do poeta
Obstinado na expansão
Da consciência,
E em estancar o sangue
Das angústias espirituais

Seja o instrumento de revanche
Contra a hipocrisia
E as misérias do mundo
Pela liberdade e auto-expressão.

Que seja intransponível pela razão,
a matemática e a lógica
E inacessível pela compreensão,
a vontade e a lei.
Incontrolável como as rédeas
do karma,
que galopa na crina da aurora
E as lavas de um vulcão
Em ebulição.

Para que o amor nos ensine
Sempre,
A sermos mágicos, poetas
e felizes...
A cada nova investida,
A cada declinação da natureza
E da sexualidade
Entre o paraíso e o inferno
De ser.


Lídia Carmeli
Enviado por Lídia Carmeli em 16/11/2010
Reeditado em 16/11/2010
Código do texto: T2619260
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