Monólogo Apaixonado de um Condenado
Estou cansado de ficar em casa.
Empresto palavras a quem não sabe usá-las,
mas roubo as minhas de quem sabe.
Se você chamar uma rosa de qualquer coisa e cheirá-la,
ela terá o mesmo aroma,
disse um grande poeta.
Por isso não gosto de meu nome:
posso ser qualquer coisa,
até mesmo nada,
e meu nome me condena.
Inferno também é apenas uma palavra,
sua definição real toma várias formas:
depende da hora e do lugar.
O efeito é curto,
na pior das hipóteses eu choro,
mas o efeito é o mesmo - a rosa está para seu aroma,
assim como o inferno está para o fogo.
Você é uma rosa desprotegida,
sem espinhos.
Se pudesse mudar seu nome,
te chamaria de Nudez.
Nunca cobriria seu corpo,
para desfrutar toda sua beleza,
e com toda delicadeza a trataria,
por toda a infindável eternidade.
Gosto da dependência,
gosto da sensação de estar limpo dos demônios,
livre das drogas e calmo enquanto sou consumido,
pois há muito tempo queimo pela chama da vida,
ou do inferno,
o nome não importa.
Assim como muitas vezes encontrei-me só,
querendo mais uma vez aquela milagrosa droga,
agora quero você o tempo todo.
Quando vejo você,
vejo esperança,
mesmo que ela não exista.
Sou um louco,
desvairado condenado,
mestre de minha própria destruição,
perdido entre intimidades secretas,
perdido em meu próprio labirinto,
e diante do fogo,
acredito em tudo.
Então eu acredito em você,
pois não tenho mais ninguém,
acredito que ama tudo em mim,
mesmo que eu não tenha nada para se amar,
e acredito que amo você,
porque, de uma forma ou outra,
eu quero amar.