ABISMO, SAUDADE DE TI

Meu amor, a saudade me abateu...

E em pânico desabei do abismo

Sem sustentação, sem esperanças,

Meu corpo enegrecido voou...

Rasgando a pele, o ar gélido deflorou-me,

Inutilizando minha esperança única

De salvar meus dias do lamento

Insandecido de querer-te.

Mas, meu amor, a vida impregna a sua dor

Em mim, em ti, em nós dois, loucos, incoerentes

A brincar de paixão, sem perceber brotar vigorado

O Amor incondicional, sem salvação.

Não há nisso redenção... estamos condenados,

Por tentar... tentar conter nosso desejo intenso

De querer sentir o gosto dos nossos medos...

E, juntos, termos coragem para vencer.

Falhei, por isso, agora, estou em desespero.

Não fui capaz de conter o que me arde;

Não fui capaz de conter o que me tenta.

Falhei, por isso, agora, estou em pânico.

Vendo me aproximar do chão... a queda

Crucial em minha angústia desvairada...

Meu abismo mortal é meu peito, meus pensamentos

Levando-me a loucura da saudade inerente.

Meus desejos me traíram, condenaram

A única forma de vida pensada

Não há mais razão em mim

A não ser o vôo sublime ao solo.