A RUA

“A RUA”

A rua sonhava com uma direção,

Com a porta de uma chegada

Suspirava calma, estonteante, imaginária

Esculpida ante a tanta luminárias

Ao lado do que fosse a noite

Cálida e objetiva

Envolvida por seus ideais matriarcais,

Combalida em redoma de espectro e euforia

Dinastia de eutanásia!

De vira, de valsa, de salsa, de frevo

O trevo mora no pátio

No reino de todos os descampados

Antes tinha a adoração do cálice de vinho

Do vime das cadeiras ao terraço

Recato de múltiplo, esvaído

Ao tom do mistério,

Adultério de folga

Mosteiro de deletério tifo

O posto é medonho

E do alto proporciona a audição de revelar

Compreendera por fim que sempre estivera certo,

Perto de saber que jamais soubera de mim

A uma certa altura a conjuntura se configura

Gula do vazio que tomou da conta

E da rua um resíduo de fim,

Pautada, portanto, tão próxima a mim.

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 12/11/2010
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