VIAGEM
O eixo do esquecimento
segura a barra do dia.
O gesto e o sentimento
girando na ventania.
Beijos de lua clara,
grão de areia no sal.
E assim meu sonho viaja
a espera do ato final.
O eixo do pensamento
distante do que não vejo,
carente do que não sabe
descrente do que não vejo.
O medo se agarra às pedras
a procura de um caminho.
O espinho não fere a rosa
nem foge a ave do ninho.
O eixo tosco da vida
é que move a nossa coragem
e molda o nosso destino
pelo prazer da viagem.
A névoa me acaricia
e move a minha canoa.
O eixo da poesia
me guia, é livre e voa.
Marilia Abduani