O Amor, realmente, é uma dor
Minha adolescência foi marcada pelo impulso das emoções
Naquele vai-e-vem de pessoas, uma sempre ficava,
Não mais do que duas semanas, por mim permitidas,
Que transformavam meu coração numa espécie de camping para nômades.
Então me surpreendia com uma paixão de meses.
E isso me deixava confuso. Será amor?
A palavra Amor soava engraçada, vinda de um adolescente impulsivo.
O primeiro contato com o sexo oposto, pelo menos era assim que eu considerava, esse sim foi uma paixão, no mínimo, convincente
O modo como eu a olhava era esmagador, mas o jeito como ela me observava era simplesmente ENCANTADOR!
O sorriso dela era lindo. Possuía um brilho fantástico! É claro que o brilho era a luz do sol refletindo em seu aparelho.
O que mais me fascinava nela era aquela arcada dentária toda colorida, pois ela trocava aqueles “elastiquinhos” todos os dias.
E como você já deve ter percebido, sim, eu a seguia em todos os seus passos.
E que andar magnífico! O seu quadril mexia de um lado para o outro, com uma leveza, deixando meus olhos zonzos.
E antes que vocês me julguem, eu não era safado. Quero deixar bem claro que, antes de ser adolescente eu sou um homem. E nunca vou abandonar as coisas de minha natureza
Nas aulas de informática eu sentava no computador na sua frente para que eu pudesse vê-la a todo instante
Muitas vezes tentei declarar-me para ela. Eu treinava muito em casa. Escrevia todas as minhas falas, decorava, e depois eu recitava em frente ao espelho.
Deixava o espelho todo manchado, porque até o beijo eu ensaiava,
Mas, quando eu ia, finalmente, me declarar, o máximo que saia era: quer chiclete?
O que me fazia gastar 30 por cento da minha mesada só com chiclete.
Certa vez, eu acordei com um ar de homem corajoso e fui encontrar-me com ela. E ainda queria fazer melhor, queria dizer tudo de improviso,
Então peguei minhas anotações para rasgá-las, mas antes de fazê-lo eu dei mais uma olhadinha.
Parti em retirada atrás de minha amada. Procurei em toda parte em que costumava ir
Enfim, a encontrei. Linda, perfumada e... o que? Acompanhada?
Meus olhos não acreditaram no que estavam vendo. Apenas encheram-se de lágrimas. Preferi não tê-la procurado,
Senti-me traído. Tudo bem que nunca tivemos nada, mas eu achava que o chiclete tinha nos aproximado.
Mas eu me senti traído porque era eu quem a seguia, era eu quem a admirava todos os dias, era eu quem tinha com ela falado, até sinto que era eu quem a amava.
Tinha já preparado um poema, flores, fiz um desenho, até mesmo aprendi uma música no violão pra tocar a ela.
Mas, esse “relacionamento” foi bom pra mim. Além de aprender que não devo gastar mais chiclete com garotas, aprendi muitas outras coisas...
Até mesmo a certeza de que, mesmo com tudo o que aconteceu, quando aparecer minha nova paixão, farei, tudo o que fiz, novamente.
Diego Penalva Luque