NUMA TARDE DE DOMINGO
Sob copas frondosas, às margens da avenida,
Conheceram-se os dois numa tarde de domingo.
Se ainda estranhos eram, por capricho da vida,
A sorte lhes sorria como em lance de bingo.
Olhares cruzava, enquanto, lábio 'inda mudo,
Coração de cada qual clamava pelo outro,
Ansioso por falar, dizer, contar quase tudo,
Igualmente, ouvir e se inteirar; ter algo d'outro.
Na fome há o pretexto para a aproximação;
U'a palavra, u'a fruta, um sorriso; o beijo ... o começo.
Pois que, ao nascer, desejo busca a sublimação,
A felicidade escolheram como adereço.
Agora, como e p'ra que explicariam momentos
E intrigantes venturas os dois novos amantes?
E a nós, a que questionar ou conceber pensamentos,
Se amar é o que lhes importa e esquecer neuras d'antes?