mar azul e nervoso
o horizonte me chama a ti,
enquanto uma brisa suave e salgada
me umedece os lábios
e sinto o sabor temperado daquele teu beijo
que nunca tive.
aspiro a solidão desse momento
numa intenção de poder tê-lo,
pelo menos na imaginação
um toque, um sussurro,
um carinho que tenho de simular sozinha
e que são levados pelos ventos
que inflam minhas vestes tremulantes.
deito-me sobre as pedras
e nua em pensamentos
envio-te gemidos de amor
de um momento mágico que existiria
se estivesses aqui.
de momento fico só,
a observar à distância
pescadores em pequenos barquinhos
em mar azul e profundo
que se lança contra a encosta.
núvens que encobrem o sol,
encobrem a ti também
que de longe penso que pensa em mim,
amor.
Angélica
(escrito ontem em papel respingado pelo mar, sobre as pedras da praia de Caçandoca no Litoral Norte, onde um mar azul, profundo e nervoso se lançava contra a encosta e me lembrava um beija-flor desconhecido)