O que é verdadeiramente imoral
é ter desistido de si mesmo.”
(Clarice Lispector)



Por amor, desiste!
Que o amor tem dessas cores estranhas
E tem suas horas tristes, como esta
E dias tristes, com este
Tem desses momentos angustiantes
Como este, que dilacera a vontade de viver
Desiste da palavra
que o amor se faz mais de silêncios
Desiste de ver auroras e poentes
que o amor se faz só de escuridão
Desiste dos horizontes
que o amor se faz dessas distâncias
Desiste do prazer imenso, intenso
que o amor se alimenta de solidão
Desiste, amor, do pensamento
que é na saudade que o amor se faz poesia
E inutilmente, para não dizer mais nada
Desiste de tudo e de nada, e foge!
Desiste de ti e desiste de mim
Cuida só de não desistir do amor
Que ele devora e gera a si mesmo...


(Poesia On Line, em 06/11/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 06/11/2010
Reeditado em 30/07/2021
Código do texto: T2600637
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