A LUTA DE EROS

Em um canto qualquer daquela casa
Eros não mais se encontrava
Nem naquele olhar se encantava
Nem naquela paisagem se extasiava
Nada ali parecia mais confiável e afável
Ou mesmo imprescindível
Tudo tinha se redimensionado
Se ressignificado de uma forma estranha
Se metamorfoseado de maneira inglória
Tudo parecia sem referência, sem história, sem aderência
E sem memória
E assim contrariado ele lutou bravamente contra a fugaz inocência
Eros se infiltrou no ninho da serpente
E assim tão rente aos dilúvios absolutos
Pode afinal perceber que mesmo o que podia ser tão terno
Podia também podia ser bruto
E para marcar essa valorosa descoberta
Eros fez festa e velório
Bebeu água no cibório
Se pôs de luto ininterrupto
Se autoflagelou num lampejo abrupto
Até finalmente conseguir transgredir o que a tanto custo conseguiu descobrir.
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 06/11/2010
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