MOMENTOS CONSUMADOS DE NÓS

Preciso boquejar do espólio

De meus olhos que ardem

Enquanto escrevem

E sugerem-me

Pinturas sem pensar...

Um olhar trespassa

A mim, pejado

De concreta inexistência

Ultrapassa-me o descampado

De este babélico hiato

Desabalam as imagens

Por meus pés

Embolam-se

Nas lembranças

De teus quadris

Leves revezes...

Sondares sutis...

Pousam em intempéries

Pelos bolsos da tua calça jeans

Pelos fundos do que não sou

Pelas pregas do que tu és

Vão embora

Por detrás de mim

Pelos momentos consumados

De nós...

Arquitetam

Essa depressão do cavado

Da própria gulodice

Do tempo...

E eu pressinto

O arrojar das horas

Escolho palavras

Suporto as demoras

Principalmente

Venço um medo...

Conspiro o delito

Suspiro um grito

E escrevo