CARTA DE AMOR
Esta manhã eu escrevi
Uma linda carta de amor.
Não foram apenas versos
De um talentoso escritor,
Mas cheia do meu carinho por você
Que me enche de torpor.
Eu disse coisas tão lindas!
O que você gostaria de ler,
Mas, acima de tudo,
O que minha alma gostaria de dizer.
Mas que boba eu sou!
Para mim mesma escrever
Como se fosse você!
Imaginar que me querias,
As palavras que dirias,
Vindas de seu coração
Se eu fosse tua inspiração.
Mas a realidade é outra.
Onde foi que nos perdemos?
Onde o tempo roubou nossa chance?
Esta carta de amor
Para mim mesma escrita
É a última coisa que terei,
Uma lembrança irreal que guardarei
De teu imaginário afeto por mim.
Você sempre será
Alguém que jamais terei,
Mas de quem sempre lembrarei
Com carinho sem fim.
Isso é desistir de você?
Algo além disso.
Aceitar o inevitável.
Talvez não haja exatamente
Algo para se desistir.
O tempo é o culpado.
Ele desistiu de nós.
Se você não me perdeu
E se eu não te perdi,
Nos perdemos no tempo
E passamos do momento
De sermos um, e não adeus.