CARTA DE AMOR

Esta manhã eu escrevi

Uma linda carta de amor.

Não foram apenas versos

De um talentoso escritor,

Mas cheia do meu carinho por você

Que me enche de torpor.

Eu disse coisas tão lindas!

O que você gostaria de ler,

Mas, acima de tudo,

O que minha alma gostaria de dizer.

Mas que boba eu sou!

Para mim mesma escrever

Como se fosse você!

Imaginar que me querias,

As palavras que dirias,

Vindas de seu coração

Se eu fosse tua inspiração.

Mas a realidade é outra.

Onde foi que nos perdemos?

Onde o tempo roubou nossa chance?

Esta carta de amor

Para mim mesma escrita

É a última coisa que terei,

Uma lembrança irreal que guardarei

De teu imaginário afeto por mim.

Você sempre será

Alguém que jamais terei,

Mas de quem sempre lembrarei

Com carinho sem fim.

Isso é desistir de você?

Algo além disso.

Aceitar o inevitável.

Talvez não haja exatamente

Algo para se desistir.

O tempo é o culpado.

Ele desistiu de nós.

Se você não me perdeu

E se eu não te perdi,

Nos perdemos no tempo

E passamos do momento

De sermos um, e não adeus.

Débora Falcão
Enviado por Débora Falcão em 06/11/2010
Código do texto: T2600302
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