CONCHAS

Nas conchas das minhas mãos

uma rosa indefinível,

a brisa silvestre, o perfume,

a relva de luz no quintal.

As noites brancas de lua,

vagido que vem da rua,

as nuvens rubras de sal.

Uma aurora raiada

um clarão abrindo o escuro.

Todo o desenho das flores

na aquarela do jardim.

Nas rendas que o amor tecia

do azul do mar exauria

um oceano sem fim.

Nas conchas das minhas mãos

um rio sem travessia.

Um cardume de esperança

luzindo em meio ao mar.

Nas ondas , meu corpo é bruma,

imponderável espuma

nas conchas de todo o olhar.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 06/11/2010
Código do texto: T2599470