Que este amor...
Que ESSE amor logo seja ESTE,
Logo seja mais que um querer,
Seja um amor fortalecido.
Que este amor seja de chegada,
De durar, de perdurar,
E só seja de partida quando a hora chegar.
E que , quando chegar, se demore...
Até que os meus brancos não mais careçam pintar.
Ah, que seja de vinda e de paz,
E que não tenda a si mesmo aprisionar,
Que nos permita ser um e ser mais,
Sermos juntos e diversos,
E que não nos percamos apenas entre nós dois.
Que ele, este amor, nos punha de olhares amplos,
Sem apenas os reflexos de nós,
Que nos faça de braços escancarados,
Loucos e enluarados,
Sem universo por ele delimitado.
Venha, chegue, sem signo da perfeição,
Sem só clareza e amplidão,
Que seja tudo, todo, real,
Sem consolidar a ilusão.
Que seja amor somente,
Real, surpreendente,
Amor,
De verdade,
Amor de gente.
E que seja este,
Seja logo,
Aqui,
Material,
Amor em tempo real.
E que este, finalmente seja: AMOR.
# POE de 05/11/10, Laboratório de criações coletivas do RL,
Mote: “Que esse amor”, baseado na Poesia “Cantares do Sem Nome e de Partidas”
de Hilda Hilst.