Ao lado teu
Consumiu-se o tempo da gente,
perdemos a hora da cama,
do corpo, da sanha e do que sente
um coração, antes de saber que ama;
perdeu-se o tempo que refaz
momentos de chama e tesão,
o tempo da delicadeza que traz
algo entre as ânsias e o perdão;
partiu-se o já desvencilhado,
como tivéssemos estado em sono
e enquanto houvéssemos amado,
as sensações fossem folhas de outono;
quedou-se doente o que não houve
e o que nunca aconteceu, no entanto,
e seguimos a certeza, que ainda ouve,
um som longínquo de adeus e encanto.