Assim morrem os poetas

O Poeta foi dormir triste

Contou estrelas, teve pesadelos

Saiu correndo, teve medo

Buscou refúgio no abismo

E se perdeu num mar de espinhos

Chorou lágrimas doces, puras

Amaldiçoou a sociedade burra

Xingou o Deus vivo, sem motivo

E nas drogas buscou alivio

Se entorpeceu como nunca

Ludibriou, criou, nasceu e morreu

Foi no fim do Arco Iris

Mas esqueceu o caminho de volta

Tentou achar a luz, mas não a viu

O fim do túnel era vazio

Viu a cara da morte

E ela estava viva, muito viva

Tinha nos olhos um brilho vivo

Um brilho mágico triste e mortifero

Viu tudo que os homens tem medo

E saiu fugido, perseguido

Por fantasmas do passado vivo

E se ajoelhou sobre a espada

De um herói que ele nunca foi

E se golpeou de um só golpe

Seu sangue sujou o chão fértil

E secou assim como seu corpo

Só sobraram os velhos ossos

Secou a fonte dos velhos versos

Nem mesmo o olhar triste ficou

Que bom;

Menos um apaixonado desprezado

Que não teve o direito de ser feliz.

Anderson Gomes dos Santos
Enviado por Anderson Gomes dos Santos em 31/10/2010
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