Assim morrem os poetas
O Poeta foi dormir triste
Contou estrelas, teve pesadelos
Saiu correndo, teve medo
Buscou refúgio no abismo
E se perdeu num mar de espinhos
Chorou lágrimas doces, puras
Amaldiçoou a sociedade burra
Xingou o Deus vivo, sem motivo
E nas drogas buscou alivio
Se entorpeceu como nunca
Ludibriou, criou, nasceu e morreu
Foi no fim do Arco Iris
Mas esqueceu o caminho de volta
Tentou achar a luz, mas não a viu
O fim do túnel era vazio
Viu a cara da morte
E ela estava viva, muito viva
Tinha nos olhos um brilho vivo
Um brilho mágico triste e mortifero
Viu tudo que os homens tem medo
E saiu fugido, perseguido
Por fantasmas do passado vivo
E se ajoelhou sobre a espada
De um herói que ele nunca foi
E se golpeou de um só golpe
Seu sangue sujou o chão fértil
E secou assim como seu corpo
Só sobraram os velhos ossos
Secou a fonte dos velhos versos
Nem mesmo o olhar triste ficou
Que bom;
Menos um apaixonado desprezado
Que não teve o direito de ser feliz.