Os tempos não mudam meu amor, somos nós que mudamos…(?)
E o futuro nunca chega
Apenas é em nós
Um lânguido gemido
De tempos que desconheço
Perante os quais perco as certezas
Empiricamente
E social adquiridas
Só me restando uma
A que te quero
Nele
Comigo…
E os tempos mudam
Estão sempre a mudar
E dizem os sábios
Os mais entendidos
Que todos os dias
Se extingue uma espécie
Embora
Para o comum dos mortais
Nada de relevante
Acontece
Andamos pois todos cegos
Porque quando morre algo
Esse acontecimento
Não deveria ser obliterado
É das tais coisas irrecuperáveis
Que não se esquece…
Envelhecemos na nossa capa exterior
Mas nunca deveremos de certa forma envelhecer
Olhando para o que nasce
Em nós ou fora de nós
E não para o que acontece morrer
Devemos nunca perder a fé
Manter um visível brilho no olhar
De transparência
Pois é através dele
Que quem nos interessa
Nos irá encontrar…
Enquanto eu
E os meus
Mas principalmente eu
Vejo o tempo a passar
Vejo amores a nascerem
E a morrerem
Quando eu não queria vários
Queria apenas um
E o tempo desta forma
Se acha cheio de marcas
A recordar
Pelos tais amores
Defuntos
Pelos que ainda virão
Fazendo-me esperar tal
Com uma não escondida expectativa
O tempo
Como disse uma escritora
É um grande escultor
Que tudo define
E eu assisto assim ao tempo
Ao seu passar inexorável
Com um perene sorriso
No qual me encontrarás
E apesar do meu olhar furtivo
Repararás
Nesse tal sorriso
E assim saberás
Que estou
E estarei
Contigo…