Os tempos não mudam meu amor, somos nós que mudamos…(?)

E o futuro nunca chega

Apenas é em nós

Um lânguido gemido

De tempos que desconheço

Perante os quais perco as certezas

Empiricamente

E social adquiridas

Só me restando uma

A que te quero

Nele

Comigo…

E os tempos mudam

Estão sempre a mudar

E dizem os sábios

Os mais entendidos

Que todos os dias

Se extingue uma espécie

Embora

Para o comum dos mortais

Nada de relevante

Acontece

Andamos pois todos cegos

Porque quando morre algo

Esse acontecimento

Não deveria ser obliterado

É das tais coisas irrecuperáveis

Que não se esquece…

Envelhecemos na nossa capa exterior

Mas nunca deveremos de certa forma envelhecer

Olhando para o que nasce

Em nós ou fora de nós

E não para o que acontece morrer

Devemos nunca perder a fé

Manter um visível brilho no olhar

De transparência

Pois é através dele

Que quem nos interessa

Nos irá encontrar…

Enquanto eu

E os meus

Mas principalmente eu

Vejo o tempo a passar

Vejo amores a nascerem

E a morrerem

Quando eu não queria vários

Queria apenas um

E o tempo desta forma

Se acha cheio de marcas

A recordar

Pelos tais amores

Defuntos

Pelos que ainda virão

Fazendo-me esperar tal

Com uma não escondida expectativa

O tempo

Como disse uma escritora

É um grande escultor

Que tudo define

E eu assisto assim ao tempo

Ao seu passar inexorável

Com um perene sorriso

No qual me encontrarás

E apesar do meu olhar furtivo

Repararás

Nesse tal sorriso

E assim saberás

Que estou

E estarei

Contigo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 31/10/2010
Código do texto: T2589052
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.