DO AMOR QUE É TODO

Algo de mim, no meu todo,

de eu todo tão tolo,

não de todo se esvai

Mesmo aquilo que todo ressoa

não é, de todo, aquela coisa toda boa

e mesmo tudo que aquilo tudo escoa,

nem tudo aquilo mesmo sai...

Quase tudo fica na invernada

d’um quase pingo de garoa

e bóia num quase nada, que,

quase teimando, quase nada nos ais...

Paira ferido um fundo fendido

de fedor fedido d'um furioso voraz

a fundear as minhas fossas nasais,

num vai não vai vai não vai...

e me afana os votos de paz

que me faz ostentar os dias...

Nem tudo que há de ser visto,

vê-se em mim em janela tardia

é tudo uma visão de se olhar,

de ver se se gosta da vista

ou se se faz de vista grossa, o par...

Às vezes apascento

um fitar malevo, sim...

atrevo-me a mirar ruim

e ateio a centelha esguelha

desta lenha relha da dor malquista...

Mas, no meu meio, é o modo de

melhor manar o amor em mim

do modo que um amor pode

em seus modos multifloros me amoldar...

De todos os tipos de amor é este

o todo da forma de amar

Do amor que é todo o amor eu que posso,

amando só por amor, de todo amar...