Mas será que eu realmente cheguei a dizer…?

Que te amo

Desde a noite mais escura

Até ao sol nascer

E se calhar

É por força de te ter repetido tal

Até perder a conta

Que te acabei por perder…

Mas se calhar não foram as vezes suficientes

Para quebrar a fortaleza do teu silêncio

Do teu sorriso

Que escondes algures dentro de ti

Para que tal não possa tocar

Porque achas que o amor é um jogo

Com infinitas e excessivas regras

Que sabes

Eu não sei assim jogar…

E assim me fazes abandonar

A minha zona de conforto

A nossa terra de ninguém

Onde deveríamos estar

Nesse jogo

Para nenhuma vantagem

Um de nós alcançar…

Sim

Os dados estariam viciados

No tabuleiro

Tu terias várias rainhas

Que colocavam facilmente em xeque o rei

Tu terias sempre direito ao primeiro desejo

Numa noite de estrelas

Fazendo-me conscientemente escolher

Um avião como se fosse a tal estrela

Para a qual eu reservaria um desejo

Que seria para ti

E assim

Os meus desejos

Nunca passaram de boas intenções

E os teus

Uma eterna

E insondável

Interrogação…

Obrigando-me a entrar nos teus domínios

A quebrar as palavras impossíveis

As juras que fiz

E dizer-te

Que te amo

Que preciso de ti

Embora

Eu não saiba

Porque o tive de assumir

Porque desta forma

Me tive de despir

Porque sabemos bem demais

Os dois

Que o futuro

É um caminho

Para o qual iremos

Separados

Porque aquilo que és

Eu aceitei

Porque aquilo que sou

Nunca chegaste a compreender

E muito menos a assimilar

Porque a diferença

Só se torna em igualdade

Quando amamos

O que achamos uma perfeição

Assim integrando tal

Como uma parte indissociável da paixão

Porque

Meu Amor

Esta

É a única via concreta

Que eu conheço

Que dá para a Eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 31/10/2010
Código do texto: T2588981
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