Mas será que eu realmente cheguei a dizer…?
Que te amo
Desde a noite mais escura
Até ao sol nascer
E se calhar
É por força de te ter repetido tal
Até perder a conta
Que te acabei por perder…
Mas se calhar não foram as vezes suficientes
Para quebrar a fortaleza do teu silêncio
Do teu sorriso
Que escondes algures dentro de ti
Para que tal não possa tocar
Porque achas que o amor é um jogo
Com infinitas e excessivas regras
Que sabes
Eu não sei assim jogar…
E assim me fazes abandonar
A minha zona de conforto
A nossa terra de ninguém
Onde deveríamos estar
Nesse jogo
Para nenhuma vantagem
Um de nós alcançar…
Sim
Os dados estariam viciados
No tabuleiro
Tu terias várias rainhas
Que colocavam facilmente em xeque o rei
Tu terias sempre direito ao primeiro desejo
Numa noite de estrelas
Fazendo-me conscientemente escolher
Um avião como se fosse a tal estrela
Para a qual eu reservaria um desejo
Que seria para ti
E assim
Os meus desejos
Nunca passaram de boas intenções
E os teus
Uma eterna
E insondável
Interrogação…
Obrigando-me a entrar nos teus domínios
A quebrar as palavras impossíveis
As juras que fiz
E dizer-te
Que te amo
Que preciso de ti
Embora
Eu não saiba
Porque o tive de assumir
Porque desta forma
Me tive de despir
Porque sabemos bem demais
Os dois
Que o futuro
É um caminho
Para o qual iremos
Separados
Porque aquilo que és
Eu aceitei
Porque aquilo que sou
Nunca chegaste a compreender
E muito menos a assimilar
Porque a diferença
Só se torna em igualdade
Quando amamos
O que achamos uma perfeição
Assim integrando tal
Como uma parte indissociável da paixão
Porque
Meu Amor
Esta
É a única via concreta
Que eu conheço
Que dá para a Eternidade…