Tronchos amores
Aquele bilhete, por ti desenhado, nunca o recebi,
mesmo tendo já chorado o riso da espera longa e a dor da demora surda.
Minha voz continua a sonhar com o teu amor fugido,
como se assim ele demorasse a voltar-me por algum castigo
ou talvez por não me querer mais.
Sinto ainda o perfume do teu olhar quando me olho ao espelho,
sabendo que entre o nosso amor viveram dois medos:
o do meu coração e o dos teus arredios abraços.
Posso até perdoar-te por teus despautérios,
se acaso eu atingir o céu ao cruzar teu inferno,
porque és de minha alma o coração que não mais existe,
mas, amar-te de novo, jamais,porque,
também já não possuo como antes as duas almas.