ALVO

Essa pele tão clara

Tão macia de veludo

Na verdade é meu alvo

Homem trigueiro

O tom de tua pele

De nada me impede

Desvia-me sem cuidado

Mas eu te acerto

A cor da tua tez

Onde perdi a sensatez

Ontem hoje sempre

Gosto desse pêssego

Das tatuagens

No branco leitoso de tua derme

Traz de súbito à lembrança

De tudo que vivi

Um estouro de pujança

Deslizo as minhas mãos

Por entre os músculos

Venero o teu suor

Veneno que me enfeitiça

Tua face tão lisa

Como a fruta de frescor

Logo a mim queima de ardor

Olhos claros no semblante

Traços simples e belos

Miram tua mesa, tua sala

Urdem prender-me num estalo

Secretária, amante, escrava

De alforrias ou condão

No teu fogo eu me perdi

No meu vício de tuas palavras

Nessas vozes nesses muros

Nos teus poemas ‘entrelinhas’.

KARLA SKARINE
Enviado por KARLA SKARINE em 29/10/2010
Código do texto: T2586145
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