Lirismo pos mortem

Mesmo quando a terra escura for o teu novo teto

E teu orgão cardíaco ter a tempo perdido o ritmo

Mesmo após a morte ter cumprido teu algoritmo

Ainda assim, do meu doce amor, tu serás objeto

Quando todas as tuas fibras musculares afrouxarem

A garra que um dia mantiveram junto aos teus ossos,

Ao abutre todos teus intestinos estiverem expostos

E seu feixe de moleculas já não mais se conectarem

Manterás meu amor mesmo estando tu entre mortos

Enquanto os decompositores saboreiam a rara ceia

Tua carícia ainda repercute dentro de minha veia

O que sobrou? A escura tinta deste obscuro verso

Após ver toda a tua vitalidade ser posta ao reverso

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 29/10/2010
Reeditado em 14/12/2010
Código do texto: T2584688
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