Lirismo pos mortem
Mesmo quando a terra escura for o teu novo teto
E teu orgão cardíaco ter a tempo perdido o ritmo
Mesmo após a morte ter cumprido teu algoritmo
Ainda assim, do meu doce amor, tu serás objeto
Quando todas as tuas fibras musculares afrouxarem
A garra que um dia mantiveram junto aos teus ossos,
Ao abutre todos teus intestinos estiverem expostos
E seu feixe de moleculas já não mais se conectarem
Manterás meu amor mesmo estando tu entre mortos
Enquanto os decompositores saboreiam a rara ceia
Tua carícia ainda repercute dentro de minha veia
O que sobrou? A escura tinta deste obscuro verso
Após ver toda a tua vitalidade ser posta ao reverso