Beijo de amor
Eu quis e muito quis! Colher todas as sementes que caíram...
Quis sim! Eu quis separá-las; uma a uma, não permitir misturas,
Às queria livre de todo denodo deste chão, por onde pisam:
Pés de homens meninos e de homens anciãos. Quis? Há! Eu as quis sem rasuras!...
E por mim sentei ali na calçada dada a bicharada nefasta que a tudo sujam;
Com suas vísceras expostas em montículos deixados sem lisuras;
Ou fidalguias! Eu quis! Ah! Eu quis reparar o mal dos que ultrajam
A beleza, pisoteando as sementes que caem em ritos de divinas mesuras.
Eu quis as lagrimas da chuva e o sabor do vento, quis um poema sem um!
Quis um final, sem igual, quis as sementes varridas de volta as florestas,
Quis um ipê florido na primavera, no outono e no verão. Quis estas festas,
Com docinhos de banana, caju, e mamão verde. Ah! Eu quis as arestas
Das espigas mordiscadas por joaninhas agrestes e beija flores dos que resta
Eu quis! Ah! Como eu quis um poema simples, que reforce a candura que me resta!