O dia depois de ontem

Perdi.

Quero trocar a pele,

o respirar, o olhar.

Quero trocar o cabelo,

as roupas, as idéias,

o pensamento.

Quero trocar o coração

Esse, então, sofre de um déficit de válvulas!

O sangue não circula, e o ar,

preso aos pulmões,

Torna a visão turva; os olhos lacrimejantes e doídos.

A dor de ver o que existe e está em falta,

A dor da abundância vista e da inexistente visão.

O que aqui, dentro do peito estava, e que tanto saltava aos olhos,

Não está mais. Foi-se,

é passado. E mais uma vez um fim.

O fim de um início que à beira do meio

Perdeu o fôlego.

Ah! Vago coração...

Preciso de um novo, forte, feliz.

Com abundância de amor e falta de saudade

Para os olhos voltarem a ver o que existe, e me chama

Em algum lugar, para qualquer lugar!