LEMBRANÇAS MELANCÓLICAS DA SOLIDÃO (PARTE XIV)
Sozinha, eu? Estou, completamente.
Me rendo aos meus sentimentos solitários!
Relembrando tudo o que acontecera,
Vejo que não sinto saudades mais
Do meu deus grego, bonito e forte.
Sinto saudades, sim, do vinho doce,
Do cheiro de mar, dos olhos de fogo...
Da força dos cavalos de guerra...
Sozinha, eu? Sim, tristemente.
Por isso escrevi minha história
Em forma de versos e em símbolos,
Para comer o prato frio da vingança...
Na esperança de ver Afrodite
Ler os meus devaneios.
Se vai entender minhas metáforas?
Como poderia saber?
Minha história é pública agora,
Quem poderá entender?
Compreender o significado de uma paixão
Pela cor, pelo gosto, pelo cheiro,
Pela força, pelo tato...
Então falo que agora posso sentir o alívio
De ter me desvencilhado de tamanho peso,
Em carregar nas mãos e no coração
As cicatrizes de uma fascinação
Que não media conseqüências,
Que esquecia tudo e todos,
Que não via testemunhas e
Transformava tudo em beleza e harmonia.
Sozinha, eu? Talvez, simplesmente.
Mas agora posso sentir
O perfume das rosas...
Rosas de todas as cores,
Cores vivas, cores quentes.
Uma pequena chama volta a me aquecer
Dentro do peito.
O vale de minha alma,
De um verde escuro e inebriante,
Me atrai, me chama, me convence
A correr novamente
Na direção do sol.