A ALMA É A EMBALAGEM DO CORPO

Permita à pele delimitar bem

o seu domínio,

para destacar entre as lembranças

a maior,

senão a única,

pois tanto se repete

que nem mais acumula,

apenas potencializa

a inevitável ausência

e, assim, definitivamente

torna público

a insensata volúpia

da puberdade.

A saliva incentiva a língua

e dela pula a palavra,

porém não solta -

tagarela,

mas cativa da frase,

pedie todo o tempo

predicado

para seus intermináveis

atributos.

O contato faz brotar o amor,

assim como a lembrança

só pode ser morna,

como grude perdido

no pano do sofá.

A alma embala o corpo

e nele deito a cabeça.