Noturno
Quando o meteoro aflito
abre o pára-quedas de fogo
e risca a noite
em trajetória luminosa...
Quando os cães uivam pra lua
e os gatos, em cio vertiginoso,
procriam nos telhados.
Quando os galos desferem
o trêmulo metal de estrela
que timbra a madrugada
e os amantes clandestinos
se exilam no obscuro.
Quando as ruas se iluminam
pelo trânsito lunar
e a cidade desfalece em lençóis
de neve e flor:
eu me instalo no estaleiro
em labor de forjaria
e construo em silêncio
os meus barcos de papel.
Tu és sempre o destino
do poema que navega...