Mistérios, Meu Amor, parte dos Nossos Mistérios…
Tenho a sensação estranha
E ao mesmo tempo sedutora
Que me gostas de observar
Quando estou a arder
Quando estou a criar
Não te manifestando
Limitando-te sempre
A estar em silêncio
E eu amo-te
O teu olhar frio e distante
No qual não consigo confiar
Eu amo
O afecto que tens por mim
Mas que nunca chegas a revelar
Apesar de estar farto
E transbordante
Da nossa fatalidade
Que é ter afecto
E encarar
Tal
Como se fosse uma doença
Que queremos irradiar de nós
Não obstante
A muito apreciar
Prometendo
Que da próxima vez
Que nos encontrarmos
Terei um papel diferente
Que te faça vacilar
Antes de me contactares
De saber que venho
E estou por bem
Mas sendo um mistério
E não um genético livro aberto
Que terás de deslindar
Num jogo de espelhos
Que estamos sempre a quebrar
Nas máscaras que usas
E que eu detesto ver
Detesto encarar
Porque estou cansado
De tentar adivinhar
Qual o verdadeiro rosto
Qual em deles devo confiar
Não sabendo
Se és uma personagem
Na minha escrita
Na minha vida
Boa
Ou simplesmente má
Não sabendo
Afinal
O que te trás por cá
Gostando de gostar de ti
De em ti poder confiar
Temendo-te no entanto
Mas as estrelas que ardem no teu olhar
As mesmas do meu
Ameaçam
Sempre ameaçaram
O que sou
Eclipsar
E é por isso
Que te quero amar
Para sempre
Mas ao mesmo tempo
Das linhas da minha existência
Pura e simplesmente apagar…