Mistérios, Meu Amor, parte dos Nossos Mistérios…

Tenho a sensação estranha

E ao mesmo tempo sedutora

Que me gostas de observar

Quando estou a arder

Quando estou a criar

Não te manifestando

Limitando-te sempre

A estar em silêncio

E eu amo-te

O teu olhar frio e distante

No qual não consigo confiar

Eu amo

O afecto que tens por mim

Mas que nunca chegas a revelar

Apesar de estar farto

E transbordante

Da nossa fatalidade

Que é ter afecto

E encarar

Tal

Como se fosse uma doença

Que queremos irradiar de nós

Não obstante

A muito apreciar

Prometendo

Que da próxima vez

Que nos encontrarmos

Terei um papel diferente

Que te faça vacilar

Antes de me contactares

De saber que venho

E estou por bem

Mas sendo um mistério

E não um genético livro aberto

Que terás de deslindar

Num jogo de espelhos

Que estamos sempre a quebrar

Nas máscaras que usas

E que eu detesto ver

Detesto encarar

Porque estou cansado

De tentar adivinhar

Qual o verdadeiro rosto

Qual em deles devo confiar

Não sabendo

Se és uma personagem

Na minha escrita

Na minha vida

Boa

Ou simplesmente má

Não sabendo

Afinal

O que te trás por cá

Gostando de gostar de ti

De em ti poder confiar

Temendo-te no entanto

Mas as estrelas que ardem no teu olhar

As mesmas do meu

Ameaçam

Sempre ameaçaram

O que sou

Eclipsar

E é por isso

Que te quero amar

Para sempre

Mas ao mesmo tempo

Das linhas da minha existência

Pura e simplesmente apagar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/10/2010
Código do texto: T2572321
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