Poema 0841 - Morre o amor
Morre o amor, lento e incapaz,
não vejo olhos no escuro da solidão,
nem estrela no céu do meu quarto,
encontro-me enfermo em mais este dia,
sem musa, sem música, sem voz.
Volta lentamente à saudade,
as lembranças vêm a cada segundo,
tento ajudar o sorriso a sair da boca,
a vontade passa e destrói cada esperança,
as palavras presas, abafadas no corredor do peito.
Detesto não entender o amor,
a escravidão em que me transforma,
os novos caminhos imperfeitos,
as marcas estão visíveis no meu rosto,
o corpo fica nu sem as vestes da paixão.
Volta à névoa fria, morro lentamente,
nenhum grito vai ouvir, fico em silêncio,
não evito chorar, não evito sentir,
separo minhas emoções em pedaços,
para não guardar o brilho, arranco os olhos.
Derrubo o último copo de vinho sobre a mesa,
não faço jogo com minha vida,
restam-me alguns sonhos antes do amanhã,
espero que o sol me permita senti-lo no rosto,
uma vez ao menos, nem que seja a derradeira.
05/10/2006