ESPECTROS

Respiro o ar frio da noite,

E aguço os meus sentidos.

Ouço gritos de aflição

Mas nada vejo na escuridão.

Um sussurro congela minha alma

E o tempo parece parar.

Ele chega numa nuvem negra,

Emite sons que ecoam no ar.

É o Medo que se aproxima,

O espectro que desanima

O mais ínfimo desejo de voar.

O segundo vem em seguida

Como personagem de uma ária sombria

Ansioso por uma peça atuar.

Num ato de extremo sarcasmo

Enche de angústia a ópera

E resplandece ao encenar.

Seus acordes são suaves

E seu timbre conserva-se grave,

Com tons menores traz melancolia

Como um contralto em doce melodia.

Seu drama enche de lágrimas

Os sorrisos de quem o assiste;

É a Saudade o segundo espectro

Que vem sem avisar.

Seu palco é o coração

Mesmo de quem não quer deixar.

As luzes todas se apagam,

Apenas um foco aguarda,

A música é uma sinfonia.

Seus passos deixam estáticos

Até quem não espera sua vinda.

Sua presença cênica é perfeita

E o seu ato não se finda.

Pra sempre estão abertas as cortinas

Do palco do tempo, Teatro da Vida.

É este o mais belo dos três

E basta chegar uma vez

Pra não mais deixar de atuar.

É o Amor, perfeito espectro,

Que enche o Teatro dos Sonhos

Com sua harmonia ao cantar.

Débora Falcão
Enviado por Débora Falcão em 21/10/2010
Código do texto: T2570518
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