Uma poesia, uma mulher.
Um final de tarde, o Sol a cair no Poente; uma linda mulher de cabelos molhados, os olhos fechados, (como se marejados) flutuando num leve estado de embriaguês;
Promessas, como pérolas, jorrando em cascata de palavras titubeantes - um código prá esta Terra se transmutar de paupérrimo Inferno em engalanado Paraíso.
Uma poesia, uma mulher: um corpo febril o amar procurando; no quarto fechado o cheiro de sexo impregnado no ar – Shakti a entregar-se a Shiva – um maithuna prenhe de riso.
Deuses humanos em lótus postados: yin e yang casados, o supremo mantra do amor em orgasmos sem fim entoado: Vênus, Ísis, Afrodite – um único e divino êxtase a unir, em uma só mulher, essas três.
Tu e eu, minha deusa, a perder-nos num tântrico enlace, num perfeito encaixe de Hórus e Tétis, sem palavras: apenas permutando sussurros candentes.
Meus braços, em fogo, a te envolver da nuca a cintura, tua pélvis a executar a dança mais pura, tuas mãos, exigentes, em minhas coxas vem tributo cobrar.
Devaneias: já não sabes em que Plano te encontras; O sagrado Lingam, cravado em teu ventre, é teu leme, teu prumo; tua Yoni, contraída, quebra nozes, construindo em teu corpo um altar.
Enfim, vem a Noite. O luar, protetor dos amantes, nosso leito de prata alumia; deste céu, nosso teto, seqüestrarei peregrinas estrelas – com elas farei um diadema, um pingente...
E na Manhã que na Tarde se emenda, que nos acorda de chofre e nos expulsa da cama, (Invejosa manhã!!!) dar-te-ei, meu amor, de presente.
O experienciar de um ato de amor, de uma entrega sem limites, é de uma tal libertação interior que nos tira, literalmente, do chão, enviando-nos para mundos que só são possíveis na mente ilimitada de quem ama, de quem se permite fazer a inefável união entre o humano e o divino.
Cidade dos sonhos, data estelar de uma estonteante tarde de céu azul, início de Primavera, meados de Outubro de 2010
João Bosco