Podíamos fingir…
Que somos estrelas cadentes
Ao invés daquelas
Que estão fixas no céu
Talvez porque a decadência
Possui uma certa atracção
Uma espécie de sedutora essência
Onde as tuas lágrimas
Pedem as minhas
Para juntas assim caírem
E as nossas almas devolutas
E de certa forma perdidas
Terem um destino para onde irem
Um algo que só existe
Em nós
Quando estamos juntos
Mas que se perde
Quando estamos sós
Na nossa realidade
Um em cada canto
Embora o desejo de estarmos juntos
Seja um sonho
Que não te atreves
Ou não podes concretizar
Nunca saberei ao certo
Porque tão parecidos
Tão semelhantes
A tua terra
Nunca será o meu mar
E assim mergulhamos
Num jogo de aparências
No qual sentimos
Que gostamos um do outro
Mas não nos atrevemos
A tal realizar
Tu existes
Porque eu quero
Porque por tua causa
Há um algo em mim
Que com outra
Nunca irá acontecer
Mas só nos juntamos
Quando estás triste
Ou abandonada
Algo que não reconheço
No espelho dos meus afectos
E apesar de te amar
De uma forma inquestionável
Da forma como és
Realmente não te conheço…
Sim podíamos fingir, mas não seriamos os mesmos…