Podíamos fingir…

Que somos estrelas cadentes

Ao invés daquelas

Que estão fixas no céu

Talvez porque a decadência

Possui uma certa atracção

Uma espécie de sedutora essência

Onde as tuas lágrimas

Pedem as minhas

Para juntas assim caírem

E as nossas almas devolutas

E de certa forma perdidas

Terem um destino para onde irem

Um algo que só existe

Em nós

Quando estamos juntos

Mas que se perde

Quando estamos sós

Na nossa realidade

Um em cada canto

Embora o desejo de estarmos juntos

Seja um sonho

Que não te atreves

Ou não podes concretizar

Nunca saberei ao certo

Porque tão parecidos

Tão semelhantes

A tua terra

Nunca será o meu mar

E assim mergulhamos

Num jogo de aparências

No qual sentimos

Que gostamos um do outro

Mas não nos atrevemos

A tal realizar

Tu existes

Porque eu quero

Porque por tua causa

Há um algo em mim

Que com outra

Nunca irá acontecer

Mas só nos juntamos

Quando estás triste

Ou abandonada

Algo que não reconheço

No espelho dos meus afectos

E apesar de te amar

De uma forma inquestionável

Da forma como és

Realmente não te conheço…

Sim podíamos fingir, mas não seriamos os mesmos…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/10/2010
Código do texto: T2563897
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