A Mulher Pura

Cadê teu sentimento criatura fêmea impávida e umpudica?

Qual rua naufraga tua ânsia diante a grandeza de seres bela?

Não te aflige o corpo maternal do ventre que renega o próprio pecado?

Nos teus passos de rastro em terra te sigo onde os pés não ousam

Me emaranho no íntimo do teu ser sem que me percebas

E no convés dos teus seios fartos teu matrimonio com outro homem não é altar.

Contemplo-te amiúde como a luz dos desesperados

E vejo que estás nos desejos de todos os homens.

Na vasta pastagem onde há rochas que em grito ecoam "dor"

Minha boca se extingue na imensidão do som que se extirpa...

E me vens na lembrança não vivida mas sonhada e me acalanta e me perturbas

Creio apenas em ti porque és mulher;

Padeço no teu regaço quimérico e me das febre com tua pele imaculada

Estás no calvário dos amores crucificados e no rebanho das almas mortas

Enquanto olho-te apenas, apenas respiro na paisagem o perfume da tua carne

E quando ouso-te apossar como as mãos curiosas de um infante

Me recordo o recrucificar na alta pastagem escassa

E percebo que és a Virgem Maria de todos os homens...

Gabriel Alcaia
Enviado por Gabriel Alcaia em 18/10/2010
Código do texto: T2562900
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