Abençoada loucura...
Não quero o sério que convém a lucidez,
Quero o que me convém,
O que grita,
O que pulsa o coração...
Não quero a calmaria dos piqueniques,
Quero a viagem solta no ar,
Que nos faz, sem balão, flutuar.
Quero estar no centro das bolinhas de sabão,
Multicolores,
Leves,
Flanando...
Não espero o lago, a calmaria, o espelho d’água,
Meu corpo quer o revolto dos generosos rios,
A alma quer o tufão e o furacão...
Quero a criança que sonha,
Fantasiar o sentir,
Encontrar, abraçar,
Fazer a máquina do tempo parar...
Quero a leveza da inocência,
O doce do beijo roubado,
A emoção que acalora,
As mãos que transpiram,
O olhar nos olhos, demorado...
Quero a aventura embalada por canções,
O caminhar junto,
O que nada parece derrubar...
O amor corajoso, desembaraçado,
A paixão fremente, que não tem vergonha de ser paixão...
Os lábios misturados, líquidos sorvidos,
O frio repetido a cada reencontrar...
Não quero a seca razão,
Quero o brilho da retina,
A louca lucidez,
A aventura que desatraca a alma do cais...
E avança infinita, indefinidamente...
Adentrando os incontidos,
Recônditos do amor...
“Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor não ter razão...” - O último romântico – Lulu Santos