Caçador de Ilusões

Ainda agasalhado ao lençol, a prospectar peregrinas estrelas na vastidão aveludada de teus olhos enevoados

Encontro sorrisos-sargaços, a prender-me em teus labirínticos lábios, preciosos amuletos de Afrodite.

Regressas de onde, princesa? Dize-me que me amas; repita isso mil vezes para que eu finalmente acredite.

Este teu sono egoísta te rouba prá longe de mim: nesse país de teus sonhos, para sempre, quero ser degredado.

O sol alto invade nossa janela, cansado de esperar por um despertar que não vem. “-É dia de domingo:” o travesseiro, cúmplice, nos segreda ao ouvido.

O nosso café da manhã, ao meio dia (ainda é cedo) tomamos, brincando. Na grama do parque nós dois deitados - entre as folhas um pássaro se esbalda, trinando um canto feliz.

O vento primaveril desmancha teus cabelos: perfeita desculpa para que os penteie com minhas mãos, tua cabeça apoiada em meu peito – teu corpo falando o que tua boca não diz.

Por milhares de anos vasculhei as vastidões do planeta, desolado caçador de ilusões olvidei de nosso encontro marcado – deambulei entre vidas como um pária banido.

Em um trono de lótus surgiste na neblina da noite, depois de eras e eras, às esconsas, guardada de mim. - não mais deixarei, entre meus dedos, teu amor escapar.

Quando sobre nós o manto da Morte um dia se por, meu amor, combinaremos um código prá, renascidos, vivermos o que temos agora: um namorar sem final.

Uma aura de luz envolve este teu corpo que amo; transborda de ti, tanto amor, tanta paz, que um rastro de surpresa se instala onde passas “-Não é real!!!”

Ponderam as gentes, estupefatas. Até eu mesmo, que vivo ao teu lado, abdiquei de me dedicar a poesia: ando ocupado, em demasia, a desvendar

Este agradável mistério: O que faz, a cada dia, o nosso amor aumentar?

A luz que envolve uma mulher que ama é tão intensa que não há como não ser percebida pelas demais pessoas em volta de si. Uma mulher, quando ama, rejuvenesce, retirando de cima de si uma enorme carga de frustração, abrindo espaço para que desabroche o que de melhor estava guardado em seu interior. O amor, para o Ser humano, é como a Primavera para o ano – uma oportunidade para que a Beleza reine em todo o seu esplendor.

Cidade dos Sonhos, manhã de Quarta-Feira, meados de Outubro de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 13/10/2010
Reeditado em 01/09/2019
Código do texto: T2553684
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.