UM AMOR
DE BAGUNCEIRA...

 
Sem insistência a noite
caiu como
todos os dias caem,
sem que eu pudesse sequer
medir a
extensão de teu olhar,
que hoje apenas se
escondia num
quarto desarrumado.
 
Então eu pisei no teu sapato
sem querer.
Um sapato jogado a esmo
num lugar
qualquer desse teu quarto,
porque o meu, assim como
vejo este,
jamais seria o meu.
 
Você era mesmo uma
relaxada
e assumia isso.
Mas curiosamente nesse
caos da tua
extrema desordem
você se entendia às mil
maravilhas.
E achava tudo quando
queria,num
piscar de olhos...
 
Assim, eu devia reconhecer
que tua desordem
era apenas aquela que
meus olhos
aparentemente enxergavam.
Mas mesmo assim...
se eu apagasse a luz,
você nada
encontraria no escuro,
porque o mestre,
esse teu olhar,
estaria sem função.
No entanto, se a mim
faltasse
a luz,eu encontraria
tudo, mesmo na escuridão
total...
Todavia, ainda assim , eu
admirava essa tua
desordem
e nada tinha contra ela.
 
Hum...querida...e esse papel
jogado aqui....posso ler?
Claro meu amor...não repare
na bagunça tá?
É que estou fazendo um
trabalho sobre
Manuel Bandeira...Um pouco
da biografia dele...
Você sabia que ele estudou
no D.Pedro II do Rio ?
E que o Érico Veríssimo foi
professor dele?
Puxa...não diga !!! Pois eu
nem fazia idéia !!!
Que bacana,não? Dois gênios
que não sabiam que viriam a
ser gênios,rsrs.
Isso mesmo,querido...quem
diria não?
Sim...amor...quem diria...
 
Bem querida eu preciso ir...
só passei aqui depressinha
para te ver rapidinho.
Hum...você é sempre assim
não?
Deveria ter sido médico...
com tuas visitas
assim rápidas...
Você notou que nem um beijo
você me deu...
além daquele trivial
da tua chegada...?
Ah...querida... eu sei...mas
são os compromissos...
você sabe.
A gente não consegue mais
ter tempo para nada...
Ah..não querido....vem e me
abraça...
Pelo menos...para eu sentir
teu calorzinho.
Uiiii...amor...não dá mesmo.
Se eu te
abraçar... já até sei  qual é o
próximo lance.
Acabarei ficando aqui.
Então fique querido...fique vá !
Não...querida...tenho
de ir trabalhar...tenho horário amor...Tenho um chefe chato
esperando-me.
 
Chau querida...chau....amor.
Nisso...tropeço
na bolsa dela, largada bem
no  meio do quarto.
Mas até foi bom...porque
peguei o impulso  e fui saindo.
Já à porta ela me abraçou
forte...dizendo:
querido...não demore outra
vez um tempão
para vir me ver,tá?
Não...não amor...a semana
que vem eu virei...
 
Entrei correndo no carro...
estava atrasado...Ah...meu
chefe já iria
encrespar de novo..outra vez...
claro.
Engatei a primeira...só
porque não
podia engatar a segunda,rsrs.
 
Hum...ela estava de novo
na janela...
acenando.
E então percebi que ela
já acenara
por meses  daquela janela...
Hum...era a 
nossa janela dos adeuses...
Puxa...
Como eu gostava dela !!!
Da minha
linda bagunceira,rsrs.
 
 
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Autor: Cássio Seagull
Poesia que fiz em 11-10-10 às 16 h – SP
Lua minguante – encoberto e frio – 16º
Beijos e abraços...Boa terça.
cseagull2@hotmail.com
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