E nos teus olhos aparentemente inocentes…

Vi o elemento da surpresa

Nas suas sombras

Com que em silêncio

Me costumavas observar

Sem saber se te amava

Realmente

Se iria partir

Se iria ficar…

Lia então uma vontade

De me acompanhares

Nas noites que alternava com os dias

Nas noites de bebedeira infinita

Ou então de uma calma

Que se diria desesperante

Sim querias-me acompanhar

Mas a minha instabilidade aparente

Fazia com que eu fosse um mapa

Sem coordenadas

Definidas

Onde tanto poderia estar a sorrir

Como a chorar

Mais uma ferida…

E no entanto

No entanto as coisas não eram assim tão lineares

Aquilo que eu era

Também eras Tu

Sem que tu pudesses tal assumir

Ou pelo menos em ti

Isso discernir

Dado quando estava ausente

Tu estavas presente

Quando me embriagava

Tu estavas sóbria

Quando escrevia

Eras tu

Que me lias

E tudo ao mesmo tempo ao contrário

Nunca andando nós ao mesmo ritmo

Presentes fisicamente

Mas na realidade

Numa outra dimensão

De afectos

Que nunca poderia ser a mesma

Apesar de sentirmos o mesmo amor

Tu estarias sempre em algum lado

E eu algures

Escrevendo a ti

Cartas de afecto

Que nunca chegou a ser

Como desejámos

Como sonhámos…

Sim, amávamos com a mesma intensidade

As Estrelas

Mas isso era o único ponto realmente comum em nós

Porque quando acompanhados

Sentíamo-nos

De certa forma sós…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 10/10/2010
Código do texto: T2548681
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