E nos teus olhos aparentemente inocentes…
Vi o elemento da surpresa
Nas suas sombras
Com que em silêncio
Me costumavas observar
Sem saber se te amava
Realmente
Se iria partir
Se iria ficar…
Lia então uma vontade
De me acompanhares
Nas noites que alternava com os dias
Nas noites de bebedeira infinita
Ou então de uma calma
Que se diria desesperante
Sim querias-me acompanhar
Mas a minha instabilidade aparente
Fazia com que eu fosse um mapa
Sem coordenadas
Definidas
Onde tanto poderia estar a sorrir
Como a chorar
Mais uma ferida…
E no entanto
No entanto as coisas não eram assim tão lineares
Aquilo que eu era
Também eras Tu
Sem que tu pudesses tal assumir
Ou pelo menos em ti
Isso discernir
Dado quando estava ausente
Tu estavas presente
Quando me embriagava
Tu estavas sóbria
Quando escrevia
Eras tu
Que me lias
E tudo ao mesmo tempo ao contrário
Nunca andando nós ao mesmo ritmo
Presentes fisicamente
Mas na realidade
Numa outra dimensão
De afectos
Que nunca poderia ser a mesma
Apesar de sentirmos o mesmo amor
Tu estarias sempre em algum lado
E eu algures
Escrevendo a ti
Cartas de afecto
Que nunca chegou a ser
Como desejámos
Como sonhámos…
Sim, amávamos com a mesma intensidade
As Estrelas
Mas isso era o único ponto realmente comum em nós
Porque quando acompanhados
Sentíamo-nos
De certa forma sós…