Sentido e carne!

Teu grito pousa calado em meu peito

enquanto minha dor, ilesa, dorme em teus sentidos,

porque loucos somos em tudo crido de nossas agonias.

Sei que em ti minhas palavras somem,

enquanto a minha voz a gemer entorta a tua

e o teu corpo nu na ânsia de uma lua,

deixa o meu suado sobre o teu no sereno da casa.

Deixa-me passar sobre ti em ar fantásmico

e assim sobreviver em minha carne o amor da tua,

essa serpente sem veneno que mora em meus desejos, nua,

viçando sem cessar, sugando-me a alma com o vigor da tua.