Meu impostor

Quero um papel, uma caneta

É urgente a minha vontade de lhe escrever

Terá de ser agora

Não quero demora

Podia usar outro meio

Mas só o papel leva jeito

Só a caneta irá rabiscar

O que lhe quero falar

Pego carbono

Como antigamente

Envio uma folha para ele

Outra fica comigo, ninguém comente

O que vou escrever

Tem toda a garantia

Minha assinatura

Minha rebeldia

Não sei se é saudade

Falta de sua carícia

Um pouco de maldade

Nem sei se é apenas malícia

Sinto o cheiro do papel

A caneta balança em meus dedos

O que lhe vou dizer tão urgente?

Nem eu sei, quem sabe pedir um anel?

São meus segredos

Meus ais que não entendo

Não entendo meus risos

Nem meus passos indecisos

Vou jogar tudo no papel

Com a caneta na minha mão

Depois eu mostro

Abro meu coração…

Não quero crítica

Só olhe a escrita

Com letra de forma

Bem bonita…

Veja o carinho e o pranto

Das minhas quadras de amor

Pedirei num acalanto

Responde meu impostor!

Paula Castanheira
Enviado por Paula Castanheira em 08/10/2010
Reeditado em 08/10/2010
Código do texto: T2545188