Meu impostor
Quero um papel, uma caneta
É urgente a minha vontade de lhe escrever
Terá de ser agora
Não quero demora
Podia usar outro meio
Mas só o papel leva jeito
Só a caneta irá rabiscar
O que lhe quero falar
Pego carbono
Como antigamente
Envio uma folha para ele
Outra fica comigo, ninguém comente
O que vou escrever
Tem toda a garantia
Minha assinatura
Minha rebeldia
Não sei se é saudade
Falta de sua carícia
Um pouco de maldade
Nem sei se é apenas malícia
Sinto o cheiro do papel
A caneta balança em meus dedos
O que lhe vou dizer tão urgente?
Nem eu sei, quem sabe pedir um anel?
São meus segredos
Meus ais que não entendo
Não entendo meus risos
Nem meus passos indecisos
Vou jogar tudo no papel
Com a caneta na minha mão
Depois eu mostro
Abro meu coração…
Não quero crítica
Só olhe a escrita
Com letra de forma
Bem bonita…
Veja o carinho e o pranto
Das minhas quadras de amor
Pedirei num acalanto
Responde meu impostor!