VOCÊ ME SACIA

VOCÊ ME SACIA

à Debora,

Na noite fria,

o pensar em você me faz tormenta,

como uma mãe que vê sua cria,

quando lamenta.

A noite, sem você, é vv aa gg aa rr oo ss aa ...

calada, sem pingo de chuva,

sem maçã ou orvalho sobre a uva,

como o tempo sem dia.

Quando você diz que não vem,

fico esperando à luz do pavio,

olhando, de longe, teu aceno no navio.

E aí... me esvazio também.

De repente...

V

A

G

A

R

O

S

O.

O tempo desaparece.

E ouço o canto dos rouxinóis,

o brilho dos amigos girassóis

e o sol que me aquece: Minha primeira prece.

Me lanço no labor,

e o dia passa como fio

objeto que ninguém viu

de um disco voador do poeta

que, um dia, leu o professor.

Outra vez a negra,

chega para a angústia

revelando sua astúcia

vem com a regra.

E eu precisando encontrar-te,

para nos tornarmos caracóis,

debaixo dos alvos lencóis,

sem qua nada nos aparte.

E perto está aquele criado-mudo testemunha,

agora, de vergonha, tornara surdo.

Você na primeira vez fugistes,

para teus Alpes suíços,

agora não podes sair,

daqui não vais mais fugir.

Esse esconde-esconde

foi prazeroso para ti.

E te escondestes onde?

Nesse tempo morri...

Morri de tremenda loucura

porque tua infantil aventura,

não foi criativa

para me fazer que viva.

Morri de tremenda loucura

vontade de correr, correr,

correr até encontrar você,

até por todo o mar, minha doçura.

Na noite fria que você some,

tu és o alimento.

Eu sem mantimento,

estarei a gritar teu nome.

INSPIRAÇÕES. Edinaldo Formiga. São Paulo: 03/10/10

Edinaldo Formiga
Enviado por Edinaldo Formiga em 08/10/2010
Reeditado em 08/10/2010
Código do texto: T2544860
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