Poema 0835 - Proíbo-me
Amanhã o beijo pode ser proibido,
a lua,
o sorriso depois de fazer amor.
Amanhã posso não ter febre de paixão,
não dominar meu amor,
perder a vontade de ser livre.
Amanhã posso ainda ser noite
ou apenas mais um amante,
apaixonado e castigado pela solidão.
Amanhã serei falso,
não vou mais falar de amor,
sonhar, não, nunca mais.
Proíbo-me de proibir qualquer pecado,
a névoa que envolve a amanhã,
mesmo depois de fazer amor.
Não quero mais ser a aventura de alguém,
o amor, a paixão, o amante,
nem mesmo o caminho, o atalho para o nada.
Não mais falo de amanhã,
não quero beijo depois das palavras ásperas,
nem ao menos os olhares curiosos do não.
Nego e retomo a dignidade, o destino,
proíbo-me de sorrir,
até quando me for proibido de amar.
02/10/2006