Desejo (deixe-me)

Talvez seja necessário que comece com palavras que não quero dizer?

Muitos foram os sinais… por que continua incapaz de perceber?

A chama de seu amor tornou-se tão débil, tal qual o sentido de nada.

Por mais que peça que olhe nos seus olhos e disseque meu coração.

Encontrará apenas uma horta estéril em semeada.

Por não possuir caráter devo admitir que sentirei falta de seus beijos.

Confesso-lhe que é difícil tentar abster qualquer emoção…

Estou cansado, não me satisfaz simplesmente sonhar…

Ah maldição! Preciso do seu amor para fazer meus ombros menos rijos.

Sim, até agora apenas o calor de seu corpo minha tristeza pôde sanar.

Quero somente afirmar que não lhe amei.

Foi uma fraqueza, uma impluralidade…apenas abstinência.

Um parasita?! Sim. Este sou eu em sua plena existência.

Ludibriei seus sentimentos e suas barreiras desarmei.

Naufraguei em decadência, um mergulho de peito exposto à ruína.

Estava ciente, de que não sou nada além de… apenas covarde.

Queria guardar alguma felicidade, pois o tempo a tudo arruína.

Fraco de espírito, tão inútil que esta carência em meu peito arde.

O sofrimento da perda, não queria ser governado por ele novamente.

Preferia acreditar em contos: - Viveram felizes eternamente.

A cada dia ficava mais impregnado em minha alma sua essência.

A princípio os dias eram sempre iguais, não percebia sua ausência.

À medida do tempo as horas tornaram-se insones, sem consistência.

Não era mais suficiente apenas tê-la comigo.

Agora até mesmo o tempo ao seu lado parecia eterno.

No começo para amainar a melancolia em meu coração…

Era necessário apenas seu jeito terno.

Algo mudou em mim. O quê? Procuro sem encontrar razão.

Simplesmente sua presença tornou-se um castigo.

O amor, a paixão eram mais intensas a cada dia.

Meu coração soluçava enquanto minha alma se feria.

Tantos foram os sinais, por que não é capaz de compreender?

Seu amor agora só me faz sofrer!

Desejo criar asas…? Quero voar.

Você? Apenas você pode me libertar!

Sussurre em meu ouvido: - Permito que vá.

Beijarei seus lábios e responderei: - É aqui que quero estar.

Olhe nos meus olhos e diga: - Não posso deixá-lo partir.

Lhe abraçarei, enterrarei meus sentimentos e da vida irei me despedir.

Meu último presente não será um abraço apertado?

Será o sentimento de dor que em seu coração ficará acumulado!

Neste dia deixarei de existir e me tornarei apenas um corpo sem alma.

E não importará o tamanho ou o calor seu amor nunca mais alcançará esta alma.

Francês Depardieu
Enviado por Francês Depardieu em 07/10/2010
Reeditado em 20/07/2020
Código do texto: T2542648
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