Redondel
A arena: “ El Baile de las Estrellas”
A cortina sonora um “flamenco”
Todos pares do baile o elenco
O lindo: a bela boca e a saia vermelhas
E a beleza acentuada pelas sobrancelhas...
Dois acentos negros circunflexos
Setas indicando a morada da razão
Que alertava dos possíveis reflexos
Se a dança contrariando os nexos
Cumprisse as ordens do seu coração
Mas eu, um basco, com sangue de Miúra
Rebentei a casco o portão do curral
E enfrentei de frente aquele olhar fatal.
Escarvoei na areia e fui à criatura
Que elegante e com desenvoltura
Transformou em capa o vestido vermelho
Fez de bandarilla o leque que fechava
Me vi em seus olhos, um partido espelho
E cada vez que eu touro a atacava
Abanava um não em sinal de conselho
Mas não aceitei, ela não tinha anel
E se não tinha, razão não havia
Para ser aquela toureira tão fria
Que tinha os olhos bem da cor do mel
Decidi morrer naquele redondel
Se preciso fosse, como o “Almendrito”
Que foi estocado quarenta e seis vezes.
Mas eu não queria só morrer bonito
E lutaria tudo como poucas vezes.
Queria morrer, mas como o Rei das reses.
Segui no ataque e com gesto estudado
Planejei com calma a última carreira
Se errasse aquela perdia a Toureira
Beberia a areia o meu sangue encarnado
Mas por milagre eu fui indultado
Como fizeram com o “Jaquetón”
Que ganhou o indulto por tanta nobreza
E eu por lutar fui elevado à Alteza
Ganhando um beijo num lenço a batom
Escrito: “Tuyo es mi Corazón”.