Ausências, Meu Amor, ausências…

Não contes os segundos

O tempo que se está a arrastar

Não julgues que és a única

A quem ele custa a passar

Porque se ele se foi embora

Ela também seguiu o mesmo caminho

Corações diferentes

Iguais sensações

Tu estás só

Eu estou só

E por um instante

Temos a mesma sensação

O mesmo destino afectivo

Mas enquanto tu choras

A pensar que ele pensava estar a dar-te tudo

Mas que para ti era nada

Eu bebo mais um copo

Procuro mais um bar

Quando o primeiro se fecha

E o segundo

Em breve irá encerrar

Ligas por acaso um número

Perdido na tua lista aleatória

Surge a minha voz

A perguntar quem é

E de repente

Recuperas a memória

E te lembras que naquele noite foram trocados os papéis

E foi a mim que deixaste

Até que passado o mesmo tempo

Que agora te está a assassinar

As portas fecharam-se todas

E eu sou o único que te pode acolher

Ao qual podes voltar

Não

As coisas não são bem assim

Como pensas

Como desejas

Mas não estou em mim

Baixei as defesas sensoriais

Pela força da cerveja

E assim

Combinamos um encontro

Não para o amanhã

Mas para o instante seguinte

Recusaste noutras vidas

O valor que dizias eu ter

Mas agora regressas

Como uma vulgar pedinte

Eu tenho ao mesmo tempo

Imenso

E o teu vazio a perder

Tu queres o que não sei

(mentira, sei bem demais…)

E pior do que estás

Não te sentirás quando amanhecer

Diz-se que se escreve direito por linhas tortas

E eu vergado a uma certa descompostura

Alcoólica

Caminho até à tua porta

Carregando aos ombros

A saudade de ti

Que transformei em mágoas

Pensando nas palavras amargas que te irei dizer

Cogitando uma vingança afectiva

De criar em ti o sentimento de te sentires usada

Mas belos planos previamente delineados

Na altura da verdade

São abandonados

Como foram estes

Quando te vi novamente

E o passado deixou de fazer sentido

Transformou-se no momento presente

Estávamos por fim juntos

E nada mais importa

Nada mais importava

Sendo que o fim desta história

Deixo ao cuidado da vossa imaginação

Ela fez o que quis

Eu o que me apeteceu

Deixando no ar

A hipótese de um final feliz

Mas a única coisa que posso adiantar

É que naquela noite

A tristeza que nos devorava

Morreu…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 06/10/2010
Código do texto: T2541538
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