LUA ITINERANTE
Preparo meu ritual quando me sinto enluarada.
Espero que o manto escuro vá se estendendo,
e as estrelas meio sonolentas vão piscando,
e eu, lua dos enamorados vou surgindo devagar,
no céu imenso onde o sól há pouco descansou.
Vou tateando na escuridão clareando as trevas,
também as matas densas onde os pássaros dormem,
e nos grotões procuro os animais ainda sonolentos,
para que despertem e busquem seus sustentos,
pois a natureza sábia não quer suas extinções.
Ganhando alturas me torno densa e iluminada,
e os corpos celestes tão longe me espreitam,
pois sabem das belezas que exerço nos fascínios,
pois os que amam tem por mim suas referências,
e quando me olham se apaixonam com ternuras.
No entanto já não desperto mais fascinações,
pois são poucos os apaixonados que me admiram,
e triste vou segurando as lágrimas para não chorar,
envergonhada por não sentir mais quanto sou bela,
até que as nuvens me encobrem e as chuvas caem.
São as lágrimas que retive enquanto caminhava,
pois entorpecida pedi que as nuvens me ajudassem,
e em torrentes foram despejando minhas tristezas,
mas me alegrava quando molhavam a terra ressequida,
e as flores adquirindo vidas enviavam seus perfumes.
06-10-2010