E SE EU ME PERTENCESSE?
Bem menos tudo quanto sou, seguramente eu seria
Porquanto me teria, em detrimento de uma perda em meio ao ganho
Normal ainda que estranho, qual morto mesmo enquanto viveria
Seria a posse que não me queria e nem veria seu minúsculo tamanho!
Séria óbvio e comum por sob as sombras que alumiam os mortais
Provável menos desnutrido do algo mais, destino incerto da certeza
A fome saciada em pobre mesa, a sina plebe sem ardis e bons sinais
A seca folha em meio aos vendavais, a crise em plena correnteza!
Se em meu poder me detivesse e em mim coubesse meu limite
Atenderia ao convite da luz que enamora a escuridão
Seria escravo da pior libertação, platéia do que ora não me assiste
Seria o fato que nem mesmo existe, seria a lógica desnuda da razão!
Porque me tendo certamente sobraria o destino de ser eu
E o que não tenho não seria meu, e a eternidade até teria fim
Mas eu prefiro ser assim: o brilho que se esconde no sorriso teu
Prefiro o que meu próprio ser jamais me deu - prefiro ser teu ser em mim!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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